12.9.10

Consagração de Si (Parte 6)

Síntese da Yoga
Capítulo II
A Yoga dos Trabalhos Divinos: Consagração de Si
Parte 6


Comentários
Nesse fragmento Sri Aurobindo fala sobre:
• A incapacidade do ego por qualquer de suas faculdades transformar a natureza humana em direção a uma natureza divina.
• A descida do Poder divino progressivamente possue e transforma as imitadas formas mortais.
• O que é necessidades para o desenvolvimento e para sua sustentação.
• Uma descrição maios dos dois movimentos da Yoga: Preparação e Transição.
• O Supremo colocou sua luminosa mão sobre um escolhido receptáculo humano de sua Luz milagrosa, Poder e Ananda.


[As etapas da Yoga ou Sobre a Entrega]
Por aqui, há dois movimentos com uma fase de transição entre eles, dois períodos da Yoga ― um do processo de entrega, o outro de sua coroação e conseqüência. No
primeiro, o indivíduo se prepara para a recepção do Divino em seus membros. Por todo esse período, primeiro ele tem que trabalhar por meio dos instrumentos de Natureza inferior, mas com a ajuda mais e mais de cima. Mas na fase posterior de transição desse movimento, nosso esforço pessoal e necessariamente ignorante diminui mais e mais e a Natureza elevada atua; a Shakti(1) eterna desce para esta forma limitada de mortalidade e progressivamente a possui e a transmuta. No segundo período o maior movimento substitui totalmente o menor, a primeira ação formalmente indispensável; mas isso pode ser feito somente quando a nossa auto-entrega é completa. A pessoa ego em nós não pode transformar-se por sua própria força, vontade, conhecimento ou por qualquer virtude dele próprio na natureza do Divino; tudo o que pode fazer é ajustar-se para a transformação e fazer mais e mais sua entrega ao que ele procura tornar-se. Enquanto o ego está trabalhando em nós, a nossa ação pessoal é e sempre tem que ser em sua natureza uma parte dos graus inferiores de existência; é obscuro ou semi-iluminado, limitado em seu campo, muito parcialmente eficaz em seu poder. Se uma transformação espiritual, não uma mera modificação iluminada da nossa natureza, é para ser feita de qualquer modo, nós devemos chamar a Shakti divina para efetuar aquele trabalho milagroso no indivíduo; pois só ela tem a força necessária, decisiva, onisciente e ilimitada. Mas a total substituição do divino pela ação humana pessoal não é totalmente possível de uma só vez. Toda a interferência de baixo que pode falsificar a verdade da ação superior deve primeiro ser inibida ou tornada impotente e isso deve ser feito por nossa livre escolha. A recusa contínua e sempre repetida dos impulsos e falsidades da natureza inferior é solicitada a nós e um apoio insistente para a verdade cresce em nossas partes; para o estabelecimento progressivo em nossa natureza e perfeição final da entrada da Luz, Pureza e Poder precisamos para seu desenvolvimento e sustento a nossa livre aceitação dela e nossa rejeição obstinada de tudo o que a ela é contrário, inferior ou incompatível.

No primeiro movimento de auto-preparação, o período de esforço pessoal, o método que temos que usar é essa concentração de todo o ser no Divino que ele procura e, como corolário, essa rejeição constante, jogando fora, katharsis, de tudo o que não é a verdadeira Verdade do Divino. Uma consagração completa de tudo o que somos, pensamos, sentimos e fazemos será o resultado dessa persistência. Esta consagração, por sua vez deve culminar em uma doação integral ao Altíssimo; porque a sua coroa e sinal de conclusão é a absoluta entrega compreendendo tudo de toda natureza. Na segunda etapa da Yoga, transição entre o humano e o divino trabalho, sobrevirá uma crescente purificada e vigilante passividade, uma mais e mais luminosa divina resposta para a Força Divina, mas não a qualquer outra; e haverá como resultado o crescente influxo de um grande e consciente trabalho milagroso de cima. No último período não há qualquer tipo de esforço, nem método definido, nem fixa sadhana(2); o lugar do esforço e tapasya(3) serão tomados por um natural, simples, poderosa e feliz revelação da flor do Divino fora do botão de uma purificada e aperfeiçoada natureza terrestre. Estas são as sucessões naturais da ação da Yoga.

Esses movimentos nem sempre estão arranjados absolutamente em uma estrita sucessão um do outro. A segunda etapa começa em parte antes da primeira ser completada; a primeiro continua em parte até a segundo ser aperfeiçoada; the last divine working can manifest from time to time as a promise before it is finally settled and normal to the nature. Sempre também há algo elevado e superior que o indivíduo, que o conduz mesmo em seu esforço e trabalho pessoal. Muitas vezes ele pode se tornar, e permanecer por um tempo, totalmente consciente, mesmo em partes de seu ser permanentemente conscientes, desse grande condutor por trás do véu, e isso pode acontecer muito antes de toda sua natureza tem sido purificada em todas as suas partes do controle indireto menor. Ele mesmo pode ser assim consciente desde o início; sua mente e coração, se não os outros membros, podem responder a penetrante e direcionadora orientação com uma certa inicial completude pelos primeiros passos da Yoga. Mas é a ação constante, completa e uniforme do controle direto maior que mais distingue a fase de transição, uma vez que prossegue e chega ao seu fim. Essa predominância de um maior direcionamento divino, não pessoal para nós, indica o amadurecimento crescente da natureza para uma transformação espiritual total. Esse é o sinal inequívoco de que a consagração de si mesmo não só foi aceita em princípio, mas é realizada em ato e potência. O Supremo colocou a mão luminosa sobre um escolhido vaso humanos de sua milagrosa Luz, Poder e Ananda.


(1)Shakti: Força, poder; capacidade; O Poder supremo, “o Poder supremo que forma e move o mundo”, a deusa (devi) que é “auto-existente, onisciente Poder do Senhor (Ishwara, deva, purusha, Deus)”.
(2)Sadhana: Caminho rumo a perfeição. Prática de Yoga; Disciplina espiritual.
(3)Tapasya: Concentração da vontade e da energia para controlar a natureza; Disciplina rigorosa; Austeridade física;


Retirado do livro: Synthesis of Yoga
Capítulo: The Yoga of Divine Works: Self-Consecration.
pag. 86

Um comentário:

MARIANGELA BARRETO disse...

Augusto,

Seu blog é um espaço precioso com ensinamentos profundos de Sri Aurobindo. Ah!o cotidiano, o dia a dia, nós e os outros..as práticas de esforço pessoal...

Estou te seguindo e será muito proveitoso para meu processo de autoconhecimento, assimilar e enriquecer meu projeto existencial e espiritual com estes preciosos ensinamentos..

abraços
Mariangela