Glossário Sânscrito

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Adhyatma Ramayana — Literalmente, “interpretação espiritual da vida de Rama”; versão derivada do Ramayana, que interpreta o épico em termos do não-dualismo e enfatiza a natureza divina de Sri Rama.

Adi Samaj — Tronco antigo do Brahmo Samaj que permaneceu sob a direção de Devendranath Tagore.

Advaita — Vedanta monista. (Ver Vedanta).

Adyashakti — A Energia Primordial; um epíteto da Mãe Divina.

Ahalya — No épico hindu Ramayana, a bela e devotada esposa de um grande sábio chamado Gautama. Indra, o rei dos deuses, apaixonado por sua beleza, seduziu-a tomando a forma de um sábio com a esperança de que ela o confundisse com seu esposo, que estava ausente. Ahalya sabia que ele era Indra e no entanto cedeu a seus desejos. Quando Indra estava para ir embora, Gautama regressou e, descobrindo o acontecido, proferiu uma maldição sobre sua esposa e sobre Indra. Por causa de sua má conduta Ahalya fora transformada em pedra pela maldição de seu marido. O sábio entretanto disse que o toque dos pés de Rama lhe devolveria a forma humana.

Ahamkara — O sentido do ego; componente da mente que reivindica para si as impressões dos sentidos e as classifica como conhecimento individual.

Akasha — Éter ou espaço; o primeiro dos cinco elementos emanados de Brahman. É a forma mais sutil da matéria, à qual todos os elementos retornam ao final.

Aná — Moeda divisionária da Índia, correspondente a 1/16 da rúpia.

Ananda — Pura bem-aventurança. Alegria absoluta. Um aspecto de Brahman.

Anandamayi — Deus no aspecto da Mãe cheia de Bem-aventurança.

Annapurna — Um nome da Divina Mãe; Aquela que provê o alimento.

Arati — Cerimônia através da qual se oferece a luz (de uma lamparina ritual) a uma divindade ou pessoa santa.

Arjuna — Um dos cinco irmãos Pandavas e herói do Mahabharata. Amigo e discípulo de Sri Krishna, no Bhagavad Gita ele representa o aspirante espiritual através de quem o Senhor ensina a humanidade.

Artha — 1. Riqueza. 2. Segurança econômica. Um dos quatro frutos da vida humana. (Ver Dharma).

Ashtavakra Samhita — Pequeno tratado sobre Vedanta Advaita, atribuído ao sábio Ashtavakra e apresentado em forma de um diálogo.

Ashvin — O sexto mês do calendário hindu, no outono.

Atman — O Espírito ou Ser, o aspecto imanente de Deus. Presença de Brahman em cada ser.

AUM — Sílaba sagrada que representa o Absoluto Impessoal bem como o aspecto pessoal de Deus. (Ver OM).

Avadhuta — Asceta hindu mencionado no Bhagavata.

Avatar — Encarnação divina. De acordo com a crença hindu, Deus como Vishnu desce ao reino dos nomes e das formas em diferentes épocas para restabelecer as verdades esquecidas da religião e para mostrar à humanidade, através de seu exemplo vivo, como alcançar a auto-realização. O avatar não nasce em conseqüência de tendências e atos passados, como outras almas, mas por sua livre escolha. Durante toda a sua existência Ele é consciente de sua missão divina; mostra novos caminhos no campo da religião, os quais adapta às necessidades da época; é capaz de transmitir o conhecimento divino através do toque, do olhar ou do desejo. Rama, Krishna, Buddha, Cristo e, recentemente, Ramakrishna, são reconhecidos como avatares.

Avidyamaya — Maya ou ilusão que causa a dualidade, tem dois aspectos: avidyamaya e vidyamaya. Avidyamaya é a “maya da ignorância” que consiste de raiva, paixão etc. e que aprisiona a alma ao mundo. Vidyamaya, ou a “maya do conhecimento” consiste de gentileza, pureza, não egoísmo etc. e que conduz a alma à liberação. Ambos pertencem ao mundo relativo.

Avidyashakti — O poder da ignorância.

Ayodhya — A capital do reino de Rama, cerca do Rio Sarayu em Uttar Pradesh, Índia. A atual cidade de Oudh.

Babu — Tratamento respeitoso; Senhor. A palavra é usualmente colocada depois do primeiro nome; por exemplo, Girish Babu.

Banyan ou Baniano — Grande figueira indiana (Ficus bengalensis). De seus galhos brotam raízes aéreas que descem ao solo e formam troncos adicionais.

Baul — Literalmente, “devoto inebriado por Deus”. Mendigo da seita vaishnava. Em Bengala os bauls são menestréis místicos independentes, hindus ou muçulmanos, homens ou mulheres, que possuem um tesouro de cantos religiosos.

Bel ou Bilva (Aegle marmelos) — marmeleira-da-índia, também chamada marmelos-de-bengala – árvore cujas folhas, consideradas sagradas, são usadas no culto; também designa o fruto dessa árvore.

Benares ou Varanasi — Também conhecida como Kashi. A cidade sagrada às margens do Rio Ganges em Uttar Pradesh, Índia. Acredita-se que as duas deidades (Vishvanath e Annapurna) que presidem a cidade dão liberação a todos os que morrem lá.

Bétel ou Bétele — Planta sarmentosa e aromática, cujas folhas e nozes são mascadas como estimulante e digestivo.

Bhagavad Gita — “Canção do Senhor”, é o Evangelho do hinduísmo. Datado entre o quinto e o segundo século a.C., o Bhagavad Gita, que compreende 18 capítulos, forma parte do Mahabharata. Na forma de diálogo entre Sri Krishna, a encarnação divina, e seu amigo e discípulo Arjuna, ensina como alcançar a união com a Realidade Suprema através dos caminhos do conhecimento, da devoção, do trabalho não egoísta e da meditação.

Bhagavan — O Senhor; o Deus Pessoal, dotado dos seis atributos: domínio, poder, glória, esplendor, sabedoria e renúncia.

Bhagavata Purana — O mesmo que Bhagavatam.

Bhagavatam ou Bhagavata Purana — As famosas escrituras devocionais hindus, atribuídas à Vyasa. O Bhagavatam ilustra as verdades religiosas com histórias de antigos santos da Índia, videntes e reis. Lidando em parte com a vida de Sri Krishna, a encarnação divina, é especialmente sagrada para os vaishnavas.

Bhairavi — 1. Monja da seita tântrica. 2. Bhairavi Brahmani, também conhecida como Brahmani ou Bhairavi. Monja errante, cujo nome era Yogeshvari e que em 1861 iniciou Sri Ramakrishna nas disciplinas do Tantra. Ela foi a primeira a proclamá-lo um avatar.

Bhakta — Um devoto de Deus; o seguidor do caminho da bhakti yoga. O bhakta não tem que suprimir suas emoções; ele as intensifica e as direciona para Deus.

Bhakti Yoga — O caminho da devoção; uma das quatro principais yogas, ou caminhos de união com Deus. Depois de cultivar intenso amor por um dos muitos aspectos de Deus Pessoal – freqüentemente como uma encarnação divina – o adorador dissolve seu próprio ego no Ideal Escolhido. A bhakti yoga é o caminho mais natural para a realização de Deus. O bhakta não tem que suprimir suas emoções; ele as intensifica e as direciona para Deus. A maioria dos devotos de todas as grandes religiões do mundo é fundamentalmente seguidora deste caminho.

Bharata — 1. Homem santo e antigo rei, mencionado no Bhagavatam. 2. Irmão de Sri Rama. 3. Nome dado à Índia, em homenagem ao Rei Bharata.

Bhava — Estado do ser; sentimento, emoção; uma atitude assumida em relação a Deus na bhakti yoga (ver); êxtase. As cinco principais bhavas do devoto em relação ao seu Ideal Escolhido são: 1. shanta (a atitude de paz e serenidade), na qual Deus é sentido próximo, mas nenhuma relação definitiva foi ainda estabelecida entre Ele e o adorador; 2. dasya (a atitude do servidor em relação ao Mestre e da criança em relação ao Pai ou Protetor); 3. sakhya (a atitude do amigo em relação ao Amigo); 4. vatsalya (a atitude do pai em relação à Criança) e 5. madhura (a atitude da esposa ou amante em relação ao Marido ou ao Bem-amado). Na bhakti yoga existem os seguintes estágios: 1. bhakti (devoção); 2. bhava (devoção amadurecida – um estado de êxtase); 3. prema (um estado no qual o devoto se esquece do mundo e de seu próprio corpo); 4. mahabhava (a mais elevada manifestação do amor divino, da qual Radha é considerada a personificação). Somente avatares e ishvarakotis (ver) podem transcender o estado de bhava.

Bhava Samadhi — Um estado de êxtase que se atinge ao seguir o caminho da devoção. Neste estado, um traço do ego permanece no adorador, permitindo-lhe desfrutar de Deus e do seu jogo divino: nas palavras de Sri Ramakrishna, “provar o açúcar ao invés de se tornar açúcar”.

Bhishma — Um dos grandes heróis do Mahabharata. Combatia no campo oposto ao dos Pandavas.

Bilva — Ver Bel.

Brahma — Deus no aspecto de Criador do Universo, um dos aspectos da Trindade Hindu. Brahma é usualmente representado com quatro faces e quatro braços, segurando entre outros símbolos o Veda e um rosário.

Brahmachari — 1. Indivíduo devotado à continência. 2. Aquele que observa o primeiro dos quatro estágios da vida de acordo com os ensinamentos védicos (ver brahmacharya). 3. No hinduísmo, aspirante espiritual que tomou os primeiros votos monásticos. (Feminino: brahmacharini).

Brahmacharya — 1. Continência em pensamento, palavra e ato. 2. Iniciação em que o aspirante toma os primeiros votos monásticos; condição daquele que tomou os votos. (Na Ordem Ramakrishna um período probatório mínimo de cinco anos é obrigatório antes que os votos de bramacharya sejam conferidos). 3. O estágio de celibato na fase estudantil, o primeiro dos quatro estágios em que a vida de um indivíduo é dividida, de acordo com os ensinamentos védicos. Nesse estágio, o menino vive em companhia de seu mestre (ver Guru), recebendo educação secular e religiosa, e é treinado na prática da continência e outras virtudes.

Brahmagñana — O conhecimento transcendental de Brahman.

Brahmagñani — Aquele que alcançou o conhecimento transcendental de Brahman.

Brahman — O Absoluto Impessoal, Existência ou Deus, a Realidade Toda-Penetrante da filosofia Vedanta.

Brahmarshi — Um rishi ou homem santo dotado do conhecimento de Brahman.

Brahmo Samaj — Movimento de reforma religiosa e social do século 19 na Índia, dedicado à “adoração do Eterno, do Imperscrutável, do Imutável Ser, que é o Autor e Preservador do Universo”. Fundado por Raja Rammohan Roy e organizado por Devendranath Tagore, sua afiliação era aberta para todos, independente de credo, casta, cor e nacionalidade. Keshav Chandra Sen foi o mais famoso de seus líderes.

Brahmos — Membros do Brahmo Samaj.

Braj — O mesmo que Vrindavan.

Brindavan — Ver Vrindavan.

Buddha — Literalmente, “O Iluminado”. 1. A palavra refere-se especificamente a Gautama Buddha, (567-483 a.C). Nascido como príncipe Siddhartha, ele renunciou ao mundo para tornar-se um dos grandes mestres espirituais de todos os tempos. 2. O termo genérico pode referir-se à qualquer ser que tenha alcançado o Nirvana, e carregue certos traços físicos característicos por ter atingido este estado.

Buddhi — A faculdade de discriminação do indivíduo, a qual classifica as impressões dos sentidos.

Budismo — Ensinamento transmitido por Buddha sobre como obter o Conhecimento, escapando da roda do renascimento e da dor para atingir o Nirvana. Uma das grandes religiões do mundo, fundada por Gautama Buddha e baseada nas seguintes doutrinas: 1. As Quatro Nobres Verdades: existe sofrimento; existe uma causa para o sofrimento; o sofrimento pode ser superado; existe um caminho de paz. 2. Nirvana: o mundo da mente e da matéria está em constante mudança; retirar a mente desse fluxo e atingir o Nirvana - estado de iluminação e perfeição - é libertar-se do sofrimento e renascimento. 3. O Nobre Óctuplo Caminho: visão reta, aspiração reta, palavra reta, conduta reta, meio de vida reto, esforço, pensamento reto e contemplação reta. As duas principais escolas do budismo são hinayana (pequeno veículo) e mahayana (grande veículo). O ideal da hinayana é a realização da santidade pessoal por meio da reclusão ascética. Mahayana, divulgando os ensinamentos do fundador, propõe a veneração a Gautama Buddha como encarnação divina e exalta o bodhisattva (alma evoluída que adia espontaneamente sua libertação final para ajudar a humanidade).

Chaitanya — Também conhecido como Nimai, Gaur (Gour), Gauranga (Gouranga) e Krishna Chaitanya. Sri Chaitanya foi um grande santo e mestre espiritual; nascido em 1485, em Navadvip, no estado de Bengala; também viveu em Orissa. Um erudito brilhante, ele de repente renunciou ao mundo e tornou-se um ardente devoto de Sri Krishna, de quem (de acordo com os vaishnavas bengalis) era uma encarnação parcial. Seu amor extático por Deus abarcava pecadores e santos, independente de casta e credo. Sri Chaitanya deu ênfase à bhakti yoga como caminho para a realização de Deus e ao japa como prática espiritual. O termo também designa consciência espiritual desperta.

Chakora — Pássaro mítico semelhante à perdiz, e que segundo as lendas antigas alimenta-se do néctar dos raios da lua.

Chakra — Literalmente, “rodas”. Segundo o Tantra, há seis principais centros de consciência ao longo do canal central da coluna vertebral (sushumna) e um sétimo centro localizado no cérebro: muladhara, svadhisthana, manipura, anahata, vishuddha, agña e sahasrara. São os centros dinâmicos onde a energia espiritual se torna vitalizada e se expressa por meio da percepção espiritual e da visão mística. Esses centros formam os degraus ascendentes pelos quais a kundalini, ou energia espiritual, passa da base da coluna vertebral para o cérebro. Quando se forma uma passagem fácil ao longo do sushumna, através desses centros, e a kundalini não encontra resistência em seu movimento ascendente e descendente, então ocorre o shatchakrabheda, que significa, literalmente, a penetração dos seis chakras ou centros místicos. Na linguagem da yoga, os chakras são descritos metaforicamente como lótus, porque dizem que se abrem como flores de lótus. O chakra muladhara, situado entre a base do órgão sexual e o ânus, considerado como a sede da kundalini, é o lótus de quatro pétalas. O svadhisthana, situado na base do órgão sexual, é um lótus de seis pétalas. O manipura, na região do umbigo, tem dez pétalas. O anahata, na altura do coração, é um lótus de doze pétalas. O vishuddha, na parte inferior da garganta, tem seis pétalas. O agña, situado no espaço entre as sobrancelhas, possui duas pétalas. No cérebro está o sahasrara, o lótus de mil pétalas, a morada de Shiva, tão branco quanto a lua cheia prateada, tão brilhante quanto o relâmpago, e suave e sereno como o luar. Esta é a meta mais alta, e aqui a energia espiritual despertada manifesta-se em toda a sua glória e esplendor.
Sri Ramakrishna, por sua vez, assim descreve os chakras:
“Quando a mente está ligada ao mundo, a consciência permanece nos centros inferiores: os plexos sacrococcígeo (muladhara), sacral (svadhisthana) e solar (manipura). Nesse caso, não existem ideais elevados ou pensamentos puros na mente, que permanece imersa na luxúria e na cobiça. O quarto centro de consciência (anahata) fica na região do coração. Quando a mente alcança esse centro, ocorre o despertar espiritual. Nesse estágio, a pessoa tem uma visão espiritual da Luz Divina e fica maravilhada diante de sua beleza e glória. A partir de então, sua mente não corre mais atrás de prazeres mundanos. A região da garganta é o quinto centro de consciência (vishuddha). Quando a mente sobe até esse centro, o indivíduo liberta-se da insensatez e da ignorância, passando a falar apenas de assuntos relacionados a Deus. O sexto centro (agña) situa-se entre as sobrancelhas. Quando a mente o atinge, a pessoa submerge na consciência divina, embora ainda lhe reste a consciência de um ego separado”. Contemplando a visão beatífica de Deus, a pessoa enlouquece de alegria e anseia por aproximar-se mais e unir-se a Ele. Mas não consegue, pois ainda existe o ego entre ambos... O centro no cérebro (sahasrara) é o sétimo. Quando alguém se eleva até esse plano, entra em samadhi, a consciência transcendental, em que realiza sua unidade com Deus”.

Chandi — Devi Mahatmyam. Antigo épico sagrado que celebra as glórias da Mãe Divina do Universo (ver Puranas).

Chapatis — Pão indiano feito de farinha integral. Parece-se com a tortilla mexicana em tamanho e forma.

Chidakasha — Akasha ou espaço de Chit, a Consciência Absoluta; o Espírito Onipresente.

Chitta — A substância ou elemento fundamental da mente, cujos três componentes são manas, buddhi e ahamkara.

Cossipore — Ver Kashipur.

Dakshineswar — Aldeia às margens do Ganges (aproximadamente 9 km. ao norte de Calcutá), onde, na década de 1850, Rani Rasmani construiu um grupo de templos: o templo de Kali, 12 pequenos templos dedicados a Shiva e o templo de Radhakanta. Ao norte dos templos de Shiva está o quarto que Sri Ramakrishna ocupou durante um considerável período de sua vida.

Darshan — Literalmente, “ver, experimentar”; apresentar os respeitos a um lugar sagrado ou uma pessoa santa, numa visita cerimonial; também as bênçãos ou purificação sentidas na presença do sagrado.

Dasharatha — O pai de Sri Rama.

Dattatreya — Nome de um grande santo hindu.

Daya — Piedade, compaixão.

Dayananda (1824-1883) — Fundador do Arya Samaj, movimento de reforma do hinduísmo, contemporâneo do Brahmo Samaj, porém mais desenvolvido no oeste da Índia, e que se propunha restabelecer a religião védica primitiva (tal como a concebia Dayananda).

Dervixe — Do persa, pobre, asceta. A palavra equivalente em árabe é faquir. De forma genérica, indica a pessoa que foi iniciada em uma ordem sufi e dedica-se a este caminho espiritual. Também associado ao sentido de pobreza, significa o desapego na busca de Allah.

Devaki — A mãe de Sri Krishna.

Devendranath Tagore (1817-1905) — Chefe do primeiro Brahmo Samaj e pai de Rabindranath Tagore (1861-1941).

Dharma — Literalmente, “aquilo que sustenta a nossa verdadeira natureza”; a palavra pode denotar mérito, moralidade, retidão, verdade, dever religioso, ou modo de vida que a natureza de uma pessoa lhe impõe. É também o primeiro dos quatro frutos da vida humana (dharma – o dever, artha – as riquezas, kama – os prazeres, moksha – a libertação). No budismo, dharma (pronunciado dhamma) também significa a doutrina budista.

Dhikr — Do árabe, lembrança (pronuncia-se zikr). Indica, no sufismo, a prática da lembrança de Allah, através da invocação de Seus nomes, das orações e outras práticas espirituais. Nas comunidades de dervixes há uma cerimônia denominada dhikr, na qual essa prática é feita em conjunto, seguindo determinado ritual específico de cada ordem sufi. Também indica os exercícios espirituais que cada dervixe recebe para prática individual.

Dhoti — Roupa masculina hindu que consiste numa longa peça de tecido, enrolada na cintura e descendo até os tornozelos.

Dhruva — Santo da mitologia hindu.

Diksha — Ver Iniciação.

Durga — Literalmente, “A Incompreensível”; um dos nomes da Mãe Divina, consorte de Shiva. Sua forma com dez braços, montada num leão, representa seu grande poder. Ela destrói o demônio da ignorância, enquanto abençoa com o amor divino e o conhecimento aqueles que anseiam pela realização de Deus.

Durga Puja — Festa religiosa anual dedicada à Mãe. Ocorre no outono, fazendo-se a cada ano uma nova imagem para o culto. Em Bengala, os cinco dias de celebrações iniciam-se pela súplica a Durga, para que desça de sua morada celestial e venha à terra; após os principais rituais de adoração por três dias, no quinto dia a imagem é submergida em um rio ou no oceano.

Ekadashi — é um evento que ocorre duas vezes por mês (lunar), constituindo-se no décimo primeiro dia depois da lua nova e cheia. Neste dia, o devoto permanece em jejum completo ou parcial, dedicando-se à oração, meditação e adoração. Nos Centros da Ordem Ramakrishna é uma regra (facultativa) cantar o Ram Nam Sankirtanam, que é um hino de louvor a Sri Rama.

Gadadhar Chattopadhyay — Nome de nascimento de Sri Ramakrishna. O termo “Gadadhar” significa “aquele que carrega a clava”, um dos aspectos de Vishnu.

Ganesha ou Ganapati — Filho de Shiva e Parvati, representado com uma cabeça de elefante. Ganesha, deus da sabedoria, remove os obstáculos, garantindo sucesso tanto na vida espiritual quanto na vida material.

Ganga — Denominação em sânscrito e em bengali para o Ganges. Rio da Índia, considerado sagrado no hinduísmo; nasce no Himalaia e corre em direção à baía de Bengala.

Ganges — Ver Gangá.

Gaur ou Gour — Abreviatura de Gauranga, um dos nomes de Sri Chaitanya.

Gauranga ou Gouranga — Um dos nomes de Sri Chaitanya.

Gayatri — 1. Mantra védico: Possamos nós meditar em Sua adorável luz resplandecente que deu origem a todos os mundos. Possa Ele dirigir os raios de nossa inteligência para o caminho do bem. Após receber o cordão sagrado na cerimônia upayana, o menino hindu ortodoxo recita diariamente esses versos. 2. A deidade que preside o mantra Gayatri.

Gñana Yoga — O caminho do conhecimento; uma das quatro principais yogas ou caminhos para a união com Deus. Por meio da análise e rejeição de todos os fenômenos transitórios, pelo processo da eliminação (neti, neti), o aspirante espiritual finalmente alcança Brahman e realiza sua união com o aspecto impessoal de Deus Supremo.

Gñani — 1. Aquele que segue o caminho do conhecimento e da discriminação para atingir a Realidade Impessoal; 2. Conhecedor de Brahman; 3. Seguidor da Vedanta Advaita (monismo).

Gopala ou Gopal — Krishna bebê.

Gopis — As pastoras de Vrindavan, companheiras e devotas de Sri Krishna, exemplos do mais intenso amor divino. Segundo Sri Ramakrishna, elas haviam sido rishis em encarnações anteriores.

Govardhan — Uma colina próxima a Vrindavan, a qual Sri Krishna levantou com Seu dedo para proteger os aldeões de um dilúvio.

Govinda — Um dos nomes de Sri Krishna.

Guerua — Hábito tradicional dos sannyasins, de cor ocre.

Gui — Manteiga clarificada pelo processo de fervura.

Gunas — Designação dos três modos de manifestação da energia cósmica: sattva, rajas e tamas. Segundo a filosofia Samkhya, a Prakriti (Natureza), em oposição a Purusha (Espírito) consiste em três qualidades, modos ou gunas, que constituem o universo da mente e da matéria. Quando as gunas estão em perfeito equilíbrio, não há criação, expressão ou manifestação. Quando se rompe o equilíbrio, ocorre a criação. No mundo físico, sattva representa o que é puro e bom, a felicidade, a leveza, a sabedoria, o equilíbrio; rajas representa a atividade, a inquietude, a cobiça, a paixão; tamas, inércia, preguiça, obscuridade, ignorância.

Guru — Mestre espiritual. Um guru qualificado é uma alma iluminada ou muito avançada no caminho espiritual. Swami Vivekananda diz que o guru deve conhecer o espírito das escrituras; deve ser puro e ensinar sem egoísmo nem desejo de fama ou riqueza. Um guru competente assume a responsabilidade pela vida espiritual de seu discípulo e o conduz à libertação.

Gurudeva — Mestre espiritual.

Hanuman — Ou Mahavira. Herói do Ramayana, comandante do exército de Rama. Devido ao seu amor extático por Rama, Hanuman é reverenciado na Índia como o ideal da devoção.

Hara — Um dos nomes de Shiva.

Hari — Um dos nomes de Krishna.

Harmônio — Pequeno instrumento de teclas, as quais são tocadas com uma das mãos enquanto a outra mão maneja o fole.
Iniciação (diksha em sânscrito) — O início da vida espiritual. Durante a iniciação o guru dá ao seu discípulo instruções específicas referentes às práticas espirituais – mais particularmente o mantra que corresponde ao Ideal Escolhido (Ishta) do discípulo. A forma é chamada mantri – com o guru sussurrando o mantra no ouvido do discípulo. Duas outras formas de diksha — shambhavi e shakti — são efetuadas por um simples desejo, olhar ou toque do guru, e produz iluminação imediata no discípulo. As iniciações chamadas shambavi e shakti podem ser somente dadas por avatares ou ishvarakotis. Iniciação pode também significar as cerimônias de aceitação da vida monástica – sejam elas de brahmachari ou de sannyasin.

Ishvara — Brahman unido a Maya (Seu poder); Deus com atributos; Deus Pessoal. De acordo com Swami Vivekananda, Ishvara é “a mais alta leitura do Absoluto possível para a mente humana”. Os três aspectos de Ishvara (a Trindade hindu) em relação ao universo são personificados como Brahma (o Criador), Vishnu (o Conservador) e Shiva (o Destruidor).

Ishvarakoti — Pessoa que pertence a uma classe de almas eternamente livres e perfeitas, nascida na Terra para o bem da humanidade. De acordo com Sri Ramakrishna, um ishvarakoti tem algumas características de um avatar.
Jada samadhi — Comunhão com Deus em que o aspirante parece sem vida, como um objeto inerte.

Jadabharata — Grande santo da mitologia hindu.

Jagannath — Literalmente, “Senhor do Universo”. Um dos nomes de Vishnu. Famoso templo situado em Puri, onde esse aspecto de Vishnu é cultuado. Todos os anos, nos estados vizinhos de Orissa e Bengala, é celebrada a festa do Carro de Jagannath, na qual se leva a imagem de Sri Krishna, ao lado de seu irmão Balarama e sua irmã Subhadra, em carros puxados por homens (carros enormes como em Puri, ou então bem pequenos para passeios curtos).

Jagata — O mundo.

Jamuna ou Yamuna — Rio sagrado do norte da Índia.

Janaka — Um dos reis sábios na mitologia hindu; no Ramayana, pai de Sita (esposa de Rama). Freqüentemente citado por Sri Ramakrishna como um conhecedor de Brahman que combinava a sabedoria espiritual com a vida no mundo.

Japa ou Japam — A prática da repetição de um dos Nomes de Deus, normalmente o próprio mantra pessoal. Pode-se usar um rosário para contar o número necessário de repetições.

Jatila e Kutila — A sogra e a cunhada de Radha. Personagens desmancha-prazeres do Bhagavata, no episódio referente a Sri Krishna e as gopis.

Jiva — A alma individual ou o ser humano. Em termos filosóficos, jiva é o Atman identificado com o corpo, mente, sentidos etc. Ignorante de sua divindade, ele experimenta nascimento e morte, prazer e dor.

Jivanmukta — Aquele que alcançou em vida o estado de libertação (moksha) e vive na consciência de Deus.

Kabir — O grande santo meio-hindu meio-muçulmano do século XV.

Kala — Um nome de Shiva. Também significa tempo, morte, negro.

Kali — Também Kalika. Um nome da Mãe Divina. “Kali” significa “a Negra” e sua imagem é negra. Geralmente é representada dançando sobre o corpo inerte de Shiva, seu consorte, o qual simboliza o aspecto transcendente do Espírito, enquanto Ela representa o aspecto dinâmico, a Energia Primordial (Adyashakti). Usando um cinto de mãos decepadas e um colar de caveiras, Kali segura a cabeça ensangüentada de um demônio em sua mão esquerda inferior e uma espada na mão esquerda superior. Com a mão direita superior faz o sinal do destemor e com a direita inferior oferece dádivas, destruindo a ignorância, mantendo a ordem do mundo, abençoando e libertando aqueles que anseiam pela realização do Deus. Kali é a divindade do famoso templo de Dakshineswar, onde foi cultuada por Sri Ramakrishna durante muitos anos. (Ver Shakti e Mãe Divina).

Kali Puja — Culto celebrado para a Mãe Kali.

Kaliya — Nome da serpente venenosa subjugada por Sri Krishna.

Kaliyuga — A quarta era do mundo, pela qual estamos passando atualmente e que consiste de 432.000 anos.

Kama — Literalmente, desejo. Desejo legítimo, cuja satisfação é um dos quatro frutos da vida humana. (Ver dharma).

Kamalakanta — Poeta místico originário de Bengala.

Kamarpukur — Aldeia natal de Sri Ramakrishna no estado de Bengala, a cerca de 140 km a noroeste de Calcutá.

Kamsa — Tio de Sri Krishna, Kamsa era a personificação do mal. No final é morto por Sri Krishna.

Karma — Um ato físico ou mental; a conseqüência de um ato físico ou mental; a soma das conseqüências das ações de um indivíduo nesta vida e em vidas passadas; a cadeia de causa e efeito operando no mundo moral. Cada karma individual é constituído de seus samskaras (ver). Essas potencialidades guiam seus motivos e conduzem, tanto no presente como no futuro, seus pensamentos e suas ações. Assim, cada karma torna-se a semente de um novo karma e seus frutos são colhidos na forma de felicidade ou tristeza, de acordo com a natureza de cada pensamento ou ação. Ainda que cada pessoa imponha sobre si mesma as limitações de seu próprio caráter como determinado por suas ações e pensamentos passados, ao mesmo tempo ela pode escolher seguir a tendência já formada ou lutar contra essa tendência. A área de escolha ou livre arbítrio de cada indivíduo reflete a liberdade do Atman, o Espírito Interior. A devoção a Deus, a capacidade de aprimorar as boas tendências e atenuar as más, faz com que os laços do karma comecem a se soltar. Quando um homem alcança a iluminação, seus atos cessam de produzir karma. Nos Vedas, karma significa também adoração ritualística e atos filantrópicos.

Karma Yoga — Uma das quatro principais yogas, ou caminhos de união com Deus. É o caminho do trabalho desapegado, no qual o aspirante espiritual oferece todas as ações e seus resultados a Deus como um sacramento; o aspirante espiritual pode também praticar a atitude de considerar-se como a testemunha das ações e não como seu agente, identificando-se com o Atman.

Kashipur ou Cossipore — Subúrbio ao norte de Calcutá, onde Sri Ramakrishna viveu de dezembro de 1885 até seu falecimento em agosto de 1886.

Kathamrita — Literalmente, “O Néctar das Palavras”. Sri Sri Ramakrishna Kathamrita é o título da edição bengali do livro escrito por M (Mahendranath Gupta), e conhecido no Ocidente como O Evangelho de Sri Ramakrishna.

Kaustubha — Jóia que Vishnu usa no peito.

Kaviraj — Médico indiano tradicional.

Keshav Chandra Sen (1838-1884) — Amigo e admirador de Sri Ramakrishna; famoso reformador indiano e líder do Brahmo Samaj. Influenciado pelo cristianismo, o qual tentou introduzir em sua organização, Keshav rompeu com Devendranath Tagore em 1868. Acreditava que ele mesmo havia recebido a missão divina de pregar uma interpretação das leis de Deus, a qual ele chamou Navavidhan ou Nova Dispensação. O contato com Sri Ramakrishna, que tinha grande afeição por Keshav, ensinou a este a reverência pela Mãe Divina. Em várias ocasiões Keshav pediu a Sri Ramakrishna para falar em sua congregação. (Ver Brahmo Samaj).

Keshava — Um dos nomes de Sri Krishna.

Kirtan — Música devocional, geralmente acompanhada por dança.

Krishna — Uma das mais veneradas Encarnações Divinas no hinduísmo. Sri Krishna aparece sobretudo no Mahabharata, o poema épico que narra a história dos descendentes do rei Bharata — os Pandavas e Kauravas — para cantar a glória de Deus. Também é o personagem central do Bhagavatam, ou Bhagavata Purana, Escritura devocional que ilustra as verdades religiosas com histórias de santos, sábios e reis da Índia antiga. Entre suas formas mais populares, estão as do Menino Krishna (Gopala), do jovem Krishna tocando sua flauta (o bem-amado amigo dos pastores e pastoras de Vrindavan), e do Divino Mestre no Bhagavad Gita (amigo e condutor do carro de Arjuna), que finalmente se revela como o Ser Universal.

Kubir — Místico e poeta bengali.

Kumbhaka — 1. Retenção da respiração, entre a exalação (rechaka) e a inalação (puraka), ou entre a inalação e a exalação; um processo descrito na raja e na hatha yoga. 2. Suspensão da respiração, que se alcança como resultado seja do pranayama ou de um desenvolvimento espiritual natural. Quando artificialmente induzida pelos exercícios respiratórios, a mente torna-se concentrada pelo efeito da kumbhaka. Quando, por resultado de um desenvolvimento espiritual natural, a mente se eleva e se concentra espontaneamente, também ocorre a kumbhaka. A devoção a Deus é o método mais seguro para atingir o estado de kumbhaka, quando a mente se torna naturalmente absorta no seu objeto de concentração; a respiração, nesse momento, cessa espontaneamente, sem nenhum prejuízo ao corpo ou à mente.

Kumbhakarna — Um rakshasa (demônio) irmão de Ravana, o rei de Lanka mencionado no Ramayana.

Kundalini — É a energia espiritual que permanece adormecida na base da coluna vertebral de todos os seres humanos, enrolada como uma serpente. Quando desperta no aspirante espiritual e passa através dos centros de consciência (chakras) no canal central da espinha (sushumna), essa energia manifesta-se em experiências místicas e vários graus de iluminação. (Ver chakras).

Kurukshetra — O campo de batalha (situado a poucos quilômetros do local em que hoje se encontra a cidade de Nova Délhi) onde foi travada a guerra entre os Pandavas e os Kauravas, e onde, conforme está descrito no Bhagavad Gita, Sri Krishna transmitiu a Arjuna o conhecimento divino. Kurukshetra tem sido simbolicamente interpretado como o campo de batalha da vida, representando o esforço do indivíduo contra sua natureza inferior.

Lakshmana — Um irmão de Sri Rama.

Lakshmi — A Mãe Divina como deusa da fortuna e esposa de Vishnu.

Lila — O jogo divino, no qual o mesmo ator — Deus — assume todos os papéis, por assim dizer. Diz-se que o universo inteiro é criado por Ele como por esporte, para Seu prazer. Uma manifestação especial da lila é o avatar. Além disso, lila significa o relativo, o qual consiste de tempo, espaço e causalidade.

Linga ou lingam — Literalmente, “símbolo” ou “sinal”; representação de Shiva. O linga tem o formato de um pilar com o topo arredondado; é circundado em sua base por um recipiente onde se colocam as oferendas. Este é geralmente o emblema usado no culto ritual de Shiva, e representa uma transição da concepção antropomórfica para a concepção abstrata da divindade.

Luchi — Pão indiano fino, feito de farinha e frito na manteiga.

Madhava (1199-1276) — Um expoente da escola dualista da Vedanta e célebre comentador dos Vedanta Sutras, do Bhagavad Gita e dos Upanishads. De acordo com a filosofia de Madhava, a matéria, Deus e as almas humanas são absolutamente diferentes entre si. Deus é aquele que dirige o universo, sendo o universo real e eternamente existente.

Mãe Divina — Durga, Kali (Kalika) ou Shakti. Aspecto dinâmico do Supremo, geralmente representado sob forma feminina. A Mãe aparece com diferentes nomes, como consorte divina de Brahma, Vishnu ou Shiva. De acordo com os vishnuístas (vaishnavas) e shivaístas (shaivas), Ela não é independente do aspecto masculino do Supremo.

Mahabharata — Talvez o maior poema épico da humanidade, consistindo de 110.000 estrofes – incluindo o Bhagavad Gita. Este famoso épico hindu, conhecido como um dos maiores tesouros da cultura da Índia, é dividido em 18 livros chamados parvas. Estima-se que tenha sido composto pelo menos cinco séculos a.C. Ilustrando as verdades contidas nos Vedas, o Mahabharata conta a história dos descendentes do rei Bharata — os Pandavas e os Kauravas, que eram primos. De acordo com Vyasa, o reputado autor do épico, o propósito do Mahabharata é cantar a glória de Deus — a guerra entre os Pandavas e os Kauravas não sendo mais que uma oportunidade para tanto.

Mahabhava — Ver Bhakti Yoga.

Mahadeva — Literalmente, “o Grande Deus”; um dos nomes de Shiva.

Mahapurusha — Alma eternamente livre.

Mahatma — Literalmente, “grande alma”; santo; sábio.

Manas — Componente da mente que recebe as impressões sensoriais do mundo externo e as apresenta ao buddhi. Além disso, manas veicula as ordens da vontade através dos órgãos da ação.

Mantra ou mantram — Prece, versículo sagrado, fórmula mística transmitida de mestre a discípulo e que serve como objeto de meditação. Nome particular de Deus que o discípulo recebe do mestre como seu Ideal Escolhido (Ishta), ao ser iniciado na vida espiritual.

Marata — Pertencente aos maratas, povo do sul da Índia.

Mathur Babu — Mathuranath Bishwas, genro de Rani Rasmani. Profundamente devotado a Sri Ramakrishna, Mathur proveu todas as necessidades materiais do Mestre em Dakshineswar por 14 anos.

Mathura — Cidade no estado de Uttar Pradesh, Índia, provável local de nascimento de Sri Krishna e capital do reino que Ele governou.

Maya — Princípio universal da filosofia Vedanta, que é a base da mente e da matéria. Maya é o poder de Brahman; nesse sentido Maya é eternamente inseparável de Brahman, ligada a Ele da mesma forma como o calor está ligado ao fogo. Maya e Brahman unidos constituem Ishvara (Deus Pessoal), que cria, preserva e dissolve o Universo. Em outro sentido, como Ignorância ou Ilusão Cósmica, Maya se sobrepõe a Brahman, oculta a visão de Brahman, fazendo com que o homem perceba o universo manifestado ao invés da Realidade Única. Maya tem dois aspectos: avidya (ignorância) e vidya (conhecimento). Avidyamaya, que afasta o homem da realização de Brahman, limitando-o e ligando-o ao mundo, expressa-se pelas paixões e desejos. Vidyamaya, que conduz o homem à realização de Brahman, expressa-se como virtudes espirituais. Vidya e avidya são aspectos do Relativo (tempo, espaço e causalidade); o homem transcende vidya e avidya quando realiza Brahman, o Absoluto.

Moksha — Libertação dos laços do mundo, ou seja, libertação final do karma e da reencarnação, por meio da união com Deus ou do conhecimento da Realidade Última. Moksha é o mais elevado dos quatro frutos ou objetivos da vida humana: dharma (moralidade, dever religioso), artha (segurança financeira), kama (satisfação dos desejos legítimos) e moksha.

Mridanga — Instrumento de percussão composto por dois tambores que são tocados simultaneamente; usado nas músicas devocionais.

Mrinmoyi — Um dos nomes da Mãe Divina.
Nahabat — Pavilhão para música

Namo Narayanayah — Saudação a Deus.

Nanak, Guru (1469-1538) — Fundador do sikhismo, foi o primeiro dos dez gurus dessa religião da Índia. Seus ensinamentos sobre a unidade de Deus, a fraternidade entre os homens, sobre a fé e o amor atraiu igualmente hindus e muçulmanos.

Nangta — Literalmente “desnudo”. O nome pelo qual Sri Ramakrishna se referia a seu guru espiritual Tota Puri (ver).

Narada — Grande sábio e devoto de Deus na mitologia hindu, mencionado no Rig Veda e nos Puranas. Atribuem-lhe os Bhakti Sutras, que ensinam o caminho do amor.

Narayana — Literalmente, “aquele que se move sobre as águas”; um dos nomes de Vishnu.

Natmandir — Construção espaçosa, com o teto sustentado por colunas, o natmandir situa-se diante de um templo e é usado para música devocional, reuniões religiosas etc.

Neti, neti — Literalmente, “isto não, isto não”. O processo negativo de discriminação, adotado pelos seguidores da Vedanta não-dualista (advaita).

Nidhu Babu — Compositor de melodias suaves.

Nikasha — A mãe de Ravana.

Nirguna — Literalmente, sem atributos. Diz-se Nirguna Brahman para designar o Absoluto Incondicionado, Brahman sem atributos.

Nirvana — Estado de iluminação espiritual, caracterizado pela extinção ou absorção do indivíduo e do ego efêmero em Brahman (que no budismo é chamado “Não-Causado” e “Não-Condicionado”). O nirvana liberta o homem do ciclo de nascimento, sofrimento, morte e todas as outras formas de ligações com o mundo. Trata-se da consciência transcendental suprema — chamada Brahma-nirvana no Bhagavad Gita, turiya nos Upanishads, nirvana no budismo, nirbija samadhi na Yoga, e nirvikalpa samadhi na Vedanta.

Nirvikalpa samadhi — O mais alto estado do samadhi, no qual o aspirante realiza sua total unidade com Brahman.

Nitai — Abreviatura do nome de Nityananda. (Ver Nityananda Goswami).

Nitya — O Absoluto em contraposição a Lila, o Relativo.

Nitya Kali — A Eterna. Um dos nomes de Kali.

Nityananda Goswami — Nome do bem-amado discípulo e companheiro de Sri Chaitanya. Literalmente, Nityananda significa “eterna bem-aventurança”.

Nuchi — Ver Luchi: na pronúncia interiorana de Sri Ramakrishna o l e o n são intercambiáveis.
OM ou AUM — A palavra mais sagrada dos Vedas. O pranava ou OM, símbolo universalmente aceito do hinduísmo, é reverenciado e usado por todos os grupos, seitas e cultos na Índia. Foi adotado até mesmo pelo jainismo, o budismo e o sikhismo. Trata-se de um símbolo não só visual como também auditivo para Brahman, o Absoluto segundo a filosofia hindu e Deus na religião hindu. Literalmente, a palavra pranava significa “aquilo pelo qual Deus é efetivamente louvado”. Também significa “aquilo que é sempre novo”. A palavra “AUM” é derivada da raiz sânscrita “ava” que possui dezenove sentidos diferentes. Disso se pode concluir que OM representa aquele Poder que (1) é onisciente; (2) rege o Universo inteiro; (3) protege-nos dos males da vida; (4) satisfaz os caros desejos de seus devotos e (5) destrói a ignorância e dá a iluminação. Na verdade, o OM comporta três letras independentes — a, u e m —, cada qual com seu próprio significado. A letra a representa o “início” (adimatva); o u representa o “progresso” (utkarsha); o m representa o “limite” ou a “dissolução” (miti). Portanto, a palavra OM representa aquele Poder responsável pela criação, desenvolvimento e dissolução do Universo, isto é, o próprio Deus. Swami Vivekananda deu uma explicação bem simples, mas muito interessante e instrutiva, sobre as três letras que constituem o OM, enfatizando o caráter único desse grande símbolo: “A primeira letra, o a, é o som-raiz, a chave, pronunciada sem que se toque nenhuma parte da língua ou do palato; o m representa o último som da série, sendo pronunciado com os lábios fechados; e o u vai de uma extremidade à outra da cavidade bucal. Dessa forma, o OM representa a totalidade do fenômeno da produção do som e como tal deve ser o símbolo natural, a matriz de todos os diferentes sons. Ele representa toda a cadeia sonora e o potencial de criação de todas as palavras.”
Pan — Castanha e folhas de bétel que junto com outros elementos, como lima, são mascadas como estimulante e digestivo.

Panchavati — Pequeno bosque onde se praticam disciplinas espirituais; compõe-se de cinco árvores sagradas — uma ashvattha (ou pipal), um baniano, um bel (ou bilva), uma amalaki e uma ashoka — plantadas em círculo, de acordo com as indicações das Escrituras, tendo ao centro um altar. O panchavati do jardim de Dakshineswar foi plantado por Sri Ramakrishna e Hriday.

Pandavas — Filhos do rei Pandu: Yudhishtira, Bhima, Arjuna, Nakula e Sahadeva. Suas vidas são descritas no Mahabharata.

Pandit — Erudito. Alguém versado nas Escrituras.

Paramahamsa — “Grande cisne” (diz-se que o cisne é capaz de beber apenas o leite numa mistura de leite com água). Denominação respeitosa dada a um “liberto em vida”; dizia-se “o Paramahamsa” ou “o Paramahamsa de Dakshineswar” para designar Sri Ramakrishna.

Paramatman — A Alma Suprema.

Parikshit — Rei da raça lunar e neto de Arjuna, mencionado no Mahabharata.

Parvati ou Uma — Filha do rei Himalaya e consorte de Shiva; ela é uma encarnação da Mãe Divina.

Pawhari Baba — Santo hindu do século 19, contemporâneo de Sri Ramakrishna.

Pipal — Figueira sagrada da Índia (ficus religiosa).

Prahlada — Filho de Hiranyakashipu, rei dos asuras (demônios) mencionado no Bhagavatam. Prahlada permaneceu firme em sua devoção a Vishnu, seu Ideal Escolhido, a despeito das repetidas torturas e ameaças contra sua vida, perpetradas por seu maligno pai.

Prakriti — Na filosofia Samkhya, Prakriti é o princípio feminino, a Natureza sempre em atividade, enquanto Purusha é o princípio masculino, que permanece imóvel em contemplação. A estátua de Kali dançando sobre o corpo imóvel de Shiva representa esses dois princípios.

Prarabdha karma — O karma (ação) produzido por um homem é geralmente dividido em três grupos: sanchita, agami e prarabdha. O sanchita karma é o vasto estoque de ações acumuladas do passado, os frutos das quais ainda não foram colhidos. O agami karma é a ação que será feita por um indivíduo no futuro. O prarabdha karma é a ação que já começou a frutificar e cujo fruto já está sendo colhido nesta vida. É uma parte do sanchita karma, considerando que é uma ação produzida no passado. Mas a diferença entre as duas é que, enquanto o sanchita karma ainda não está operativo, o prarabdha karma já começou a operar. De acordo com o hinduísmo, o fruto de todos os karmas deve ser colhido pelo seu fazedor, e o caráter e as circunstâncias da vida de um indivíduo são determinados pelos seus karmas anteriores. O prarabdha karma é o mais efetivo dos karmas, porque suas conseqüências não podem ser evitadas de nenhuma forma. A realização de Deus capacita a pessoa a abster-se das ações futuras (agami karma) e a evitar as conseqüências de todas as ações acumuladas (sanchita karma) que ainda não começaram a operar; mas o prarabdha karma, que já começou a frutificar, deve ser colhido.

Prasad — 1. Comida ou bebida que tenha sido oferecida à Divindade. 2. Abreviação do nome Ramprasad, poeta místico bengali.

Prema — Amor extático, o mais intenso amor divino.

Prema bhakti — Amor extático por Deus.

Princípios cósmicos — De acordo com a filosofia Samkhya, os vinte e quatro tattvas, ou princípios cósmicos, são: os cinco grandes elementos em suas formas sutis (éter, ar, fogo, água, terra); o ego, ou “consciência do eu”; buddhi, ou inteligência; Avyakta, ou o Não-Manifestado (no qual sattva, rajas e tamas permanecem em estado indiferenciado); os cinco órgãos da ação (mãos, pés, aparelho fonador, aparelho reprodutor, aparelho excretor); os cinco órgãos do conhecimento (olhos, ouvidos, nariz, língua, pele); manas, ou mente; e os cinco objetos dos sentidos (som, toque, forma, sabor e cheiro). Todos eles pertencem à Prakriti (Natureza) e são distintos de Purusha (Consciência).

Puja — Adoração ritualística hindu.

Puli — Um tipo de bolo.

Purana(s) — Literalmente, “antigo(s)”. Qualquer dos dezoito livros sagrados do hinduísmo, atribuídos a Vyasa, que elabora e divulga as verdades espirituais dos Vedas por meio do relato das vidas das encarnações divinas, santos, reis e devotos, sejam eles históricos ou mitológicos.

Puri — 1. Cidade situada no estado de Orissa, Índia. É um dos principais lugares sagrados da Índia, os outros três sendo Dwaraka, Kedarnath e Rameshwar; 2. uma das dez denominações de monges pertencentes à escola de Shankara.

Purusha — Uma das duas realidades últimas.

Purushottama — A melhor das pessoas; a Pessoa Suprema.

Radha ou Radhika — A principal gopi (pastora) de Vrindavan.

Raga — Composição melódica; base da composição musical indiana.

Raga bhakti — Supremo amor, que torna o devoto ligado somente a Deus.

Raja Yoga — Literalmente, “yoga real”; uma das quatro principais yogas ou caminhos para a união com Deus, sistematizada nos Yoga Sutras de Patânjali. A raja yoga é o caminho da meditação formal, um método de concentração da mente direcionada unicamente para a Realidade Última, até que a absorção completa seja alcançada.

Rajarshi — Um rei que levava uma vida santa; epíteto de Janaka.

Rajas — Ver gunas.

Rajásico — Relativo a rajas. (Ver gunas).

Raksha Kali — A Salvadora; um dos nomes de Kali.

Rakshasa — Categoria de seres demoníacos (ogros). No épico Ramayana, Rama trava uma guerra contra os rakshasas, cujo rei, Ravana, havia raptado Sita, a esposa de Rama.

Ram Mohan Ray — Fundador do movimento Brahmo Samaj (1828) onde foi posteriormente sucedido por Devendranath Tagore (ver).

Rama ou Ramachandra — Uma das mais populares Encarnações Divinas do hinduísmo, rei de Ayodhya e herói do Ramayana.

Ramanuja — Um famoso santo e filósofo do sudeste da Índia, o fundador da escola do monismo qualificado (vishishtadvaita). Após renunciar ao mundo, Ramanuja foi para Srirangam, onde escreveu um comentário sobre os Vedanta Sutras e também comentários sobre o Bhagavad Gita e alguns tratados filosóficos.

Ramayana — O mais antigo poema épico sânscrito, escrito pelo sábio Valmiki por volta de 500 a.C., contém aproximadamente 50.000 versos. O Ramayana narra a vida de Sri Rama: seu banimento de Ayodhya; a vida na floresta com sua fiel esposa, Sita, e seu irmão Lakshmana; o rapto de Sita por Ravana; a guerra de Rama e seus aliados contra Ravana; a derrota de Ravana e a libertação de Sita; a difamação de Sita pelo povo de Ayodhya e sua expulsão do reino; a reabilitação de Sita e sua subida aos céus, onde Rama a reencontra.

Ramprasad — Místico bengali e compositor de canções sobre a Mãe Divina.

Rani Rasmani — Rica senhora da casta dos sudras, fundadora do complexo de Dakshineswar com seu conjunto de templos. Destes, o mais famoso é o templo de Kali, o Ideal Escolhido de Rani. A vinda de Sri Ramakrishna para Dakshineswar foi devida à contratação de Ramkumar, seu irmão mais velho, como sacerdote do Templo de Kali. Rani aceitou Sri Ramakrishna como seu mestre espiritual.

Ravana — Demônio mitológico, rei do Sri Lanka (antigo Ceilão), personagem do épico Ramayana.

Rishi — 1. Designação genérica para santo ou sábio. 2. Na Índia antiga, qualquer um dos conhecedores da verdade espiritual, aos quais a sabedoria dos Vedas foi revelada.

Rudrakshas — Sementes de uma árvore tropical da Ásia, usadas para fazer rosários.

Sadhana — Práticas; disciplinas espirituais; austeridade.

Sadharan Brahmo Samaj — Grupo dissidente do Brahmo Samaj de Keshav Chandra Sen, fundado por Shivanath Shastri e Vijaykrishna Goswami.

Sadhu — Santo; asceta; monge; sannyasin.

Saguna — Literalmente, “com atributos”. “Saguna Brahman” é portanto a designação de Brahman com atributos, isto é, Deus Pessoal.

Samadhi — Estado supraconsciente, no qual o aspirante espiritual realiza sua identidade com a Realidade Última. Conforme Patânjali, oitavo e último estágio da raja yoga, no qual a mente toma a forma do objeto da meditação.

Samkhya — Um dos seis darshanas (sistemas de filosofia hindu), fundado por Kapila. Segundo a Samkhya existem duas realidades últimas: Purusha e Prakriti. Afirmando que a identificação do Purusha com a Prakriti é a causa do sofrimento humano, a Samkhya ensina que a libertação e o verdadeiro conhecimento são atingidos no estado de consciência suprema, quando cessa tal identificação e o Purusha é realizado como existindo independentemente em sua natureza transcendental.

Samsara — O interminável ciclo de nascimento, morte e renascimento, ao qual o indivíduo fica preso enquanto permanece ignorante de sua identidade com Brahman.

Samskara — Uma impressão, tendência ou potencialidade, criada na mente do indivíduo como resultado de uma ação ou pensamento. A soma total dos samskaras de um homem compõe seu caráter. (Ver karma).

Sannyasin ou sannyasi — Monge que pronunciou os votos finais de renúncia segundo os rituais hindus (feminino: sannyasini).

Sarasvati — A Mãe Divina como consorte de Brahma, deusa da sabedoria e patrona das artes e da música.

Sári — A mais importante roupa típica da mulher indiana: longa peça de tecido enrolada em volta do corpo, com uma das pontas formando a saia, e a outra ponta, drapeada, em torno do seio, de um ombro e, por vezes, da cabeça.

Satchidananda ou Sat-chit-ananda — Existência Absoluta (Sat), Consciência Absoluta (Chit) e Bem-Aventurança Absoluta (Ananda). Um dos nomes de Brahman. Forma clássica de designar Deus sem personalizá-Lo.

Sattva — Ver Gunas.

Sáttvico — Relativo a sattva. (Ver gunas).

Shaiva — Ver shivaísta.

Shakta — Adorador de Shakti.

Shakti — Deus como Mãe do Universo; personificação da Energia Primordial, ou poder de Brahman. Ela é o aspecto dinâmico do Supremo, que cria, preserva e dissolve o Universo, em relação ao qual Shiva representa Brahman (o Absoluto transcendente ou o aspecto paterno do Supremo). Há uma crença hindu de que a graça de Shakti (o poder manifestado de Deus) é necessária antes que o aspecto transcendente de Deus seja revelado. (Ver Mãe Divina).

Shanai — Instrumento indiano semelhante ao oboé.

Shankara ou Shankaracharya (788-820 d.C.) — Um dos maiores filósofos da Índia, grande expoente da Vedanta Advaita, nasceu em Malabar, no Sul da Índia. Na idade de oito anos, quando renunciou ao mundo, era perfeitamente versado na literatura védica. Durante seu breve período de vida de 32 anos, organizou um sistema de denominações monásticas que está em voga até os dias de hoje. Sua vasta produção literária inclui comentários sobre os Vedanta Sutras, os principais Upanishads e o Bhagavad Gita; dois trabalhos filosóficos: o Upadeshasahasri e o Vivekachudamani (A Jóia Suprema do Discernimento); e muitos poemas, hinos, orações e trabalhos menores sobre Vedanta.

Shiva — Deus em Seu aspecto de destruidor na Trindade hindu. Quando venerado como Ideal Escolhido (Ishta), Shiva é totalmente Deus, a Suprema Realidade. Em relação ao seu poder, ou seja, o aspecto feminino dinâmico e criador do Supremo (chamado Shakti, Parvati, Kali ou Durga, etc.), Shiva é o Absoluto transcendente, ou o aspecto paterno. Entre seus vários Nomes contam-se: Mahadeva, Rudra, Shambhu, Shankara, Ishana, Vishvanath, Kedarnath. Seu símbolo é o linga (ver). Shiva também é representado como Nataraja (Shiva dançando num círculo de fogo); como Senhor do Universo, cavalgando Nandi, o touro do dharma; como o yogui supremo, sentado absorto em eterna meditação. Shiva é venerado como o Guru de todos os gurus — destruidor da mundanalidade, doador da sabedoria e personificação da renúncia e da compaixão. (Ver Brahma e Vishnu).

Shivaísta ou shaiva — Adorador de Shiva.

Shrishrima — Tratamento dado à Santa Mãe, Sri Sárada Devi; denota extremo respeito.

Shukadeva — O narrador do Bhagavata e filho de Vyasa, considerado como o ideal de monge na Índia.

Shyama Kali — A Azul (a Negra). Um dos nomes de Kali.

Shyampukur — Distrito ao norte de Calcutá para onde, em outubro de 1885, Sri Ramakrishna se mudou e onde permaneceu por dois meses e meio.

Siddha — Uma alma perfeita; um espírito semidivino.

Siddhi — Perfeição espiritual; poder oculto.

Sikh — Literalmente, “discípulo”. Grupo religioso marcial, cuja doutrina foi estabelecida pelo Guru Nanak (1469-1538), que buscou reunir o melhor do hinduísmo e do islamismo. Há cerca de 18 milhões de sikhs na Índia, concentrados sobretudo no Punjab.

Simhavahini — Literalmente “aquela que cavalga um leão”; um dos nomes da Mãe Divina.

Sita — Consorte de Sri Rama e filha do Rei Janaka. Sita é considerada pelos hindus como a personificação da esposa ideal.

Smashana Kali — A Terrível. Um dos nomes de Kali.

Sri Krishna — Ver Krishna.

Sri ou Shri — “Venerado” ou “sagrado”. Termo de tratamento usado antes do nome de uma divindade, pessoa ou livro sagrado.

Sufi — Do árabe, místico. Com a mesma raiz tem-se suf, que significa “lã”. Os primeiros dervixes, por sua extrema pobreza, foram designados também pelo termo “sufi”, associado à vestimenta humilde de lã que usavam. A mesma raiz traz o sentido de pureza, significando a busca da pureza de coração nas comunidades sufis.

Swami — Senhor, mestre, instrutor espiritual. A palavra Swami, título do monge hindu, pode ser usada no lugar do nome ou precedendo o nome.

Tabla — O mais popular instrumento de percussão da Índia. É composto de dois pequenos tambores. O da direita chama-se tabla e o da esquerda, chamado baya, funciona como um baixo. Ambos são tocados simultaneamente com as mãos.

Tamala — Também se pronuncia tomal. Uma árvore com folhas azul-escuro, a árvore favorita de Sri Krishna.

Tamas — Ver gunas.

Tamásico — Relativo a tamas. (Ver gunas).

Tampura — Instrumento musical de cordas, similar à vina, mas com uma caixa de ressonância maior, feita de madeira ou cabaça.

Tantra — Filosofia religiosa segundo a qual Shakti é geralmente a principal divindade venerada, e o universo é visto como o jogo divino de Shakti e Shiva. A palavra Tantra também se aplica a qualquer Escritura identificada com a adoração de Shakti. O Tantra lida sobretudo com práticas espirituais e formas rituais de veneração, cujo objetivo é a libertação da ignorância e o renascimento rumo ao conhecimento inequívoco de que a alma individual e o Supremo (Shiva-Shakti) são um. Além dos Shakta Tantra, existem os Tantras budistas e os vaishnavas.

Tattvas — Ver Princípios Cósmicos.

Teosofia — 1. Conjunto de doutrinas religioso-filosóficas que têm por objeto a união do homem com a divindade, mediante a elevação progressiva do espírito até a iluminação. 2. Doutrina espiritualista iniciada por Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), mística russa ligada ao budismo e ao lamaísmo.

Teósofo — Seguidor das doutrinas da teosofia.

Thakur — Literalmente, “mestre, senhor”; nome familiar de Sri Ramakrishna entre os devotos, freqüentemente traduzido como “o Mestre” nos escritos sobre Sri Ramakrishna.

Tomal — Ver tamala.

Tota Puri — Monge da Ordem de Shankara que, em 1864, iniciou Sri Ramakrishna na vida monástica e ensinou-lhe a Vedanta monista.

Tulsi ou Tulasi — Manjericão sagrado usado no culto de Vishnu.

Turiya — Literalmente, “o quarto”. Um nome de Brahman, que transcende e permeia os três estados de vigília, sonhos e sono profundo.
Uma — Ver Parvati.

Upadhi — Termo da filosofia Vedanta que denota as limitações superpostas ao Ser por causa da ignorância que mantém a alma presa ao mundo.

Upanishad — Escritura Sagrada que constitui a parte filosófica dos Vedas. Os Upanishads ensinam o conhecimento de Deus e relatam as experiências espirituais dos sábios da Índia antiga. Dos 108 Upanishads preservados, os dez principais são: Isha, Kena, Katha, Prasna, Mundaka, Mandukya, Chandogya, Brihadaranyaka, Aitareya e Taittiriya. Como encerram cada um dos quatro Vedas, tornaram-se conhecidos como Vedanta, ou seja, o final (anta) dos Vedas.

Vaidhibhakti — Preparatório da devoção a Deus, caracterizado pela observância de normas e rituais; preliminar ao amor divino espontâneo.

Vaishnava — Ver vishnuísta.

Varuna — Um deus védico; a divindade que preside as águas.

Vasishtha — Nome de um sábio mencionado nos Puranas. Guru de Rama.

Veda — A Escritura Sagrada mais antiga e mais importante dos hindus, considerada pelos ortodoxos como revelação direta e autoridade suprema em todas as questões religiosas. Há quatro Vedas: Rig, Yajur, Sama e Atharva, cada qual consistindo de uma parte dedicada aos rituais, ou “trabalho”, e outra dedicada ao “conhecimento”. Cada parte ritual consiste de: 1. Samhitas (uma coleção de mantras ou hinos, muitos dos quais dirigidos a deidades como Indra ou Varuna); 2. Brahmanas (relacionados a detalhes de ritos sacrificiais, deveres e regras de conduta específicos); 3. Aranyakas (ou tratados da floresta, os quais destacam a interpretação espiritual de ritos e cerimônias religiosos). Cada parte relativa ao conhecimento compreende Upanishads. A parte ritual é conhecida como karma kanda, e a filosófica como gñana kanda.

Vedanta — Literalmente, “final do Veda”. Sistema religioso e filosófico desenvolvido a partir dos Upanishads, os ensinamentos finais dos Vedas. Nesse sentido, trata-se da base comum de todas as seitas religiosas da Índia. Do ponto de vista estritamente filosófico, a Vedanta é um dos seis darshanas (sistemas do pensamento hindu ortodoxo) e baseia-se nos Vedanta Sutras. Com suas várias interpretações (dualista, monista qualificada, pluralista, realista e monista), a Vedanta ensina que o objetivo da vida humana é realizar a Realidade Última, ou o Supremo, aqui e agora, por meio da prática espiritual. A palavra Vedanta pode referir-se exclusivamente ao aspecto não-dualista da filosofia, a Vedanta Advaita, que afirma que o universo multifacetado de nome e forma é uma interpretação errônea da Realidade Única, a qual é chamada Brahman quando vista como transcendente e Atman quando considerada imanente. Uma vez que é onipresente, essa Realidade deve estar dentro de cada criatura ou objeto; portanto, o homem é essencialmente divino. A experiência supraconsciente direta de sua identificação com Atman-Brahman liberta o homem de todos os laços mundanos que ele superpôs à sua verdadeira natureza, e concede-lhe a perfeição espiritual e a paz eterna. A Vedanta aceita todos os grandes mestres espirituais e os aspectos pessoais ou impessoais de Supremo venerados pelas diferentes religiões, considerando-os como manifestações da Realidade Única. Por demonstrar a unidade essencial na origem de todas as religiões, a Vedanta serve como arcabouço filosófico dentro do qual toda verdade espiritual pode ser expressa. As três principais escolas de pensamento da Vedanta (algumas das quais também se encontram em outras religiões) são: 1. Dvaita (dualista, voltada para a adoração de Deus Pessoal ou adoração a qualquer Ideal Divino); 2. Vishishtadvaita (monismo qualificado, ou atenuado, ensina a imanência e transcendência de Deus: “Vivemos, movemo-nos e temos nossa existência em Deus”); 3. Advaita (literalmente: não-dual, ou seja, monista; ensina a unidade espiritual; “Eu e Tu somos um”). Essas três concepções, que não são contraditórias entre si, constituem etapas sucessivas na realização espiritual, como Sri Ramakrishna destacou, sendo a terceira e última alcançada quando o aspirante perde toda consciência de si na união com o Supremo. Para ilustrar as três atitudes, Sri Ramakrishna citava as palavras dirigidas a Sri Rama por Hanuman: “Quando me considero como um ser físico, Tu és o Senhor e eu o servo. Quando me considero como um ser individual, Tu és o todo e eu uma das partes. E quando me realizo como o Atman, sou um contigo”.

Vedantista — Um seguidor da filosofia Vedanta.

Vibhishana — Personagem do épico Ramayana, irmão mais novo do demônio Ravana, rei de Lanka, raptor de Sita. Por sua natureza sáttvica, Vibhishana voltou-se contra Ravana e aliou-se a Rama, de quem se tornou um grande devoto.

Vidyamaya — A “maya do conhecimento”. (Ver Avidyamaya).

Vidyasagar — Ishvar Chandra Bandopadhyay (1820-1891), conhecido como Vidyasagar (em bengali, Biddashagor), que significa “Oceano de Sabedoria”.

Vidyashakti — Poder espiritual.

Vigñana — Um alto estado de realização espiritual, ou íntimo conhecimento de Deus, como um resultado do que o universo e todos os seres são vistos como manifestações de Deus.

Vigñani — Aquele que alcançou o estado de realização espiritual chamado vigñana.

Vishishtadvaita — Monismo qualificado; uma escola da filosofia hindu, fundada por Ramanuja, que ensina que todos os seres animados e inanimados são partes de Brahman, que é sua alma e seu poder controlador.
Nesta forma de monismo, mantém-se a realidade do Deus Pessoal ao lado do Deus Impessoal.

Vishnu — Literalmente, “o todo-penetrante”. Divindade que forma a Trilogia hindu com Brahma e Shiva; Deus considerado sob seu aspecto protetor e conservador da criação. Como Ideal Escolhido dos vaishnavas, Vishnu representa não só o aspecto conservador de Ishvara, mas o próprio Ishvara (Brahman unido a Maya, seu poder; Deus com atributos; Deus Pessoal). Entre as muitas formas de Vishnu, é familiar a de quatro braços, segurando o disco, a clava, a concha e o lótus. Outra forma é o shalagrama (pedra oval com certas marcas, de formação natural, encontrada no leito de certos rios da Índia, sobretudo no Gandaki). Segundo a doutrina do avatar (encarnação divina), Vishnu aparece na terra quando necessário para o bem do mundo.

Vishnuísta ou Vaishnava — Seguidor do vaishnavismo: seita religiosa do hinduísmo, cujos membros seguem o caminho da devoção a Deus como Vishnu ou um dos avatares de Vishnu — especialmente Sri Rama, Sri Krishna e, em Bengala, Sri Chaitanya.

Vishvanath — Shiva como o Senhor do Universo; uma das duas deidades que presidem a cidade sagrada de Varanasi (Benares).

Vrindavan — Cidade às margens do rio Jamuna associada à infância de Sri Krishna. Ver Brindavan.

Vyasa — Literalmente, “aquele que expõe”. O compilador dos Vedas e dos Vedanta Sutras, que reputadamente escreveu o Mahabharata e o Bhagavatam. Vyasa foi o pai de Shukadeva.

Yama — O Deus da Morte.

Yashoda — A mãe adotiva de Sri Krishna.

Yoga — Ato de ligar. 1. União da alma individual com o Supremo. 2. O método pelo qual essa união é realizada (ver bhakti yoga, gñana yoga, karma yoga, raja yoga). 3. Um dos seis darshanas (sistemas de filosofia ortodoxa hindu), compilado por Patânjali como Yoga Sutras. A yoga proporciona meios para se atingir a mais alta consciência e a libertação final dos laços do mundo por meio do controle das ondas de pensamento da mente.

Yogui — Aquele que pratica yoga. Feminino: yoguini.

Yudishthira — O mais velho dos cinco irmãos Pandavas e um dos principais heróis do Mahabharata, conhecido por sua veracidade, retidão e religiosidade.

Yuga — Um ciclo ou período do mundo. De acordo com a mitologia hindu, a duração do mundo é dividida em quatro yugas: Satya ou Krita (Idade de Ouro), Treta, Dwapara e Kali (Idade de Ferro). Na primeira, há uma grande preponderância da virtude entre os homens, mas a cada yuga subseqüente a virtude diminui e o vício aumenta. Na Kaliyuga há um mínimo de virtude e um excesso de vício. Acredita-se que o mundo esteja agora passando pela Kaliyuga. Ao final desta era, todo o ciclo recomeçará novamente com a Satya Yuga (Satya: verdade).